sábado, 28 de setembro de 2013

Caso 38


Todas as histórias de amor têm uma banda sonora, porque não há amor verdadeiro sem que quando nos beijamos estejamos a ouvir a nossa canção. No silêncio da paixão. Tolstoi ensinou-nos todas as famílias felizes são iguais; as famílias infelizes o são cada uma à sua maneira. E a nossa história começou como nenhuma deve começar, envolta em pecado, em mentiras, rodeada de medos e incertezas. Mas, se calhar, todas as verdadeiras histórias de amor começam assim. Mas só algumas duram para sempre. E desde aquele primeiro dia percebi que havíamos de engordar juntos. E passear na nossa praia ao fim da tarde ...
Na mesma praia onde Hermenegildo conheceu Asdrubalina, uma daquelas mulheres tão feia que dói só de olhar; felizmente Hermenegildo é invisual e nunca teve a infelicidade de a ver; mas o amor é cego e Hermenegildo ofereceu-lhe um anel de diamantes, pediu-a em casamento e ela aceitou casar com ele, porque ele era rico e a ela ninguém lhe pegava. A intimidade da lua de mel foi filmada e Asdrubalina vendeu as imagens, sem o consentimento dele, a um site, onde os alunos de Solicitadoria recorrem para se inspirar para estudar Direito das Pessoas e da Família. E num desses momentos de intimidade, Hermenegildo implorou-lhe para que ela lhe batesse com uma colher de pau, o que ela aceitou fazer, com uma dedicação tão intensa que lhe destruiu o baço! Depois comprou um barco e fugiu com aquela labreguinha da terceira fila. No carro que ele lhe tinha oferecido. Sendo que tudo ficou por pagar.
Como a vida a dois é monótona, Asdrubalina e a labreguinha convidaram Hermengarda para viver com elas e durante três anos, três dias e três horas partilharam casa, mesa e cama, uma bimby e outras coisas que o pudor me impede de partilhar. E foram felizes. Até ao dia que em foram infelizes, porque a labreguinha apaixonou-se por um rapaz de 14 anos, cheio de fôlego e energia, com um conjunto de talentos ocultos que penso não ser necessário enfatizar. E ficaram felizes quando ela engravidou, para horror dos pais dele!
Asdrubalina e Hermengarda resolveram continuar juntas, mas como sozinhas aborreciam-se, resolveram engravidar as duas; Asdrubalina aceitou ser barriga de aluguer de um casal de milionários que lhe ofereceu 50 Euros e uma operação estética; Hermengarda que tinha horror a homens, pediu a um amigo uma doação de esperma e realizou uma inseminação artificial caseira. Engravidaram ambas e hoje desconhecem quem é o pai da criança.
Quid Juris 

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Caso 37


Todas as histórias de amor têm uma banda sonora, porque não há amor verdadeiro sem que quando nos beijamos estejamos a ouvir a nossa canção. No silêncio da paixão. Tolstoi ensinou-nos todas as famílias felizes são iguais; as famílias infelizes o são cada uma à sua maneira. E a nossa história começou como nenhuma deve começar, envolta em pecado, em mentiras, rodeada de medos e incertezas. Mas, se calhar, todas as verdadeiras histórias de amor começam assim. Mas só algumas duram para sempre. E desde aquele primeiro dia percebi que havíamos de engordar juntos. E passear na nossa praia ao fim da tarde ...
Na mesma praia onde Hermenegildo conheceu Asdrubalina, uma daquelas mulheres tão feia que dói só de olhar; felizmente Hermenegildo é invisual e nunca teve a infelicidade de a ver; mas o amor é cego e Hermenegildo ofereceu-lhe um anel de diamantes, pediu-a em casamento e ela aceitou casar com ele, porque ele era rico e a ela ninguém lhe pegava. A intimidade da lua de mel foi filmada e Asdrubalina vendeu as imagens, sem o consentimento dele, a um site, onde os alunos de Solicitadoria recorrem para se inspirar para estudar Direito das Pessoas e da Família. E num desses momentos de intimidade, Hermenegildo implorou-lhe para que ela lhe batesse com uma colher de pau, o que ela aceitou fazer, com uma dedicação tão intensa que lhe destruiu o baço! Depois comprou um barco e fugiu com aquela labreguinha da terceira fila. No carro que ele lhe tinha oferecido. Sendo que tudo ficou por pagar.
Como a vida a dois é monótona, Asdrubalina e a labreguinha convidaram Hermengarda para viver com elas e durante três anos, três dias e três horas partilharam casa, mesa e cama, uma bimby e outras coisas que o pudor me impede de partilhar. E foram felizes. Até ao dia que em foram infelizes, porque a labreguinha apaixonou-se por um rapaz de 14 anos, cheio de fôlego e energia, com um conjunto de talentos ocultos que penso não ser necessário enfatizar. E ficaram felizes quando ela engravidou, para horror dos pais dele!
Asdrubalina e Hermengarda resolveram continuar juntas, mas como sozinhas aborreciam-se, resolveram engravidar as duas; Asdrubalina aceitou ser barriga de aluguer de um casal de milionários que lhe ofereceu 50 Euros e uma operação estética; Hermengarda que tinha horror a homens, pediu a um amigo uma doação de esperma e realizou uma inseminação artificial caseira. Engravidaram ambas e hoje desconhecem quem é o pai da criança.
Quid Juris

Caso 36



No rádio tocava Aerosmith que explicava como era bom ficar acordado só para ouvir você dormir, vê-la sorrindo quando está a dormir; porque amar é apenas querer ver o outro sorrir, ainda que seja ao longe, ainda que sorria com outra pessoa; porque amar é largar e deixar voar para Lisboa, como Rick no Casablanca, ciente que o tempo passa; porque há histórias de amor para viver e outras para guardar na caixa da memória das recordações e outras que nem o nome lembramos ouvir; e entretanto o silêncio foi entrecortado pelo padeiro, que era quem trazia o correio à aldeia perdida na serra, desde que os CTT tinham começado o processo de privatização.
Uma das cartas era do antigo carteiro, filho do carteiro do Pablo Neruda, que desafiava o nosso anti-herói para um duelo com espadas, depois de ter descoberto que ele tinha andado a petiscar a sua namoradinha: o encontro foi marcado para as margens da praia fluvial, pelo pôr-do-sol daquela tarde de verão, sendo que dos dois, apenas um ia sobreviver. E porque ambos eram homens de honra, na hora marcada, lá estavam os dois, de espadas afiadas.
O carteiro filho, que dias antes, os tinha apanhado na cama que partilhava com a labreguinha há mais dois anos, sete meses, catorze dias, oito horas e catorze segundos, aproximadamente. Casa que era dele, herdade de uma morta qualquer, mas que ela teimava que devia poder continuar a morar, com o argumento quase jurídico, que tinha sido muitas vezes feliz naquela casa. Como tinha referido naquela noite de lua divina, enquanto comia uma açorda de ovas de sável e muge frito, numa tasquinha deliciosamente ordinária.
Na exata mesma hora, uma prima afastada do tio de alguém, recebia um carro descapotável, num amarelo discreto, prenda do seu tio, que também era seu marido, que se fingia de rico para seduzir a ingénua sobrinha, que amava mais as prendas do que o amava a ele: sucede, que contrariamente ao que ele lhe disse, o carro oferecido e que ela garbosamente conduzia, saiu do stand, com a totalidade do preço por pagar.
Francisca, como se chamava, tentou ser fiel durante quase seis meses; esforçou-se e benzeu-se, achincalhou os seus pretendentes, apesar de no fundo não ignorar que ele apesar de ser o marido dela, não lhe dava carinho nem atenção, que todos os pretextos eram bons para não estar com ela: e um dia, porque há sempre um dia, vestiu uma mini-saia e uma blusa decotada de coragem e fez aquilo que há muito desejava. Que por pudor não conto, porque há coisas demasiado boas para serem partilhadas. E, só para complicar a vida daqueles que fazem este teste, ainda colou no facebook as fotos explícitas da traição.
E fugiram nesse mesmo dia para uma ilha paradisíaca onde casaram numa praia, daquelas em que água faz inveja aos mais belos olhos azuis. E regressaram: com ela grávida, sendo que a conceção deverá ter acontecido na semana anterior à viagem!
Quando a criança nasceu, ela estava cheia de vergonha, pelo que, cedeu a criança a um casal de lésbicas, que a receberam com mais amor do que o próprio amor é capaz.
Quid Juris

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Caso 35



Ela não se recorda do dia. Não que fosse demasiado nova para ter memórias, mas há dias que se desvanecem da história da gente. Mas tinha a certeza que tinha sido um dia frio com chuva, porque o sol se tinha recusado a estar presente, naquela triste manhã em que Cinderela se despediu de seu pai, um homem profundamente rico, que morrera de saudade.
O pai da Cinderela quando pressentiu que a vida se esfumava, casou com Lady Tremaine, que o seduziu com falsos encantos, exibindo-lhe qualidades que não tinha, convencendo o velho comerciante que seria uma verdadeira mãe para a nossa heroína; mas ainda o corpo jazia no caixão e já a malévola Tremaine mandou Cinderela para o sótão, retirou-lhe o ipad, iphone e iMac, mais as roupas e os colares e os perfumes, obrigando-a limpar o quarto, a sua wc, a colocar a mesa e lavar a loiça; como se não fosse pouco, proibiu-a de sair à noite, para desgosto imenso de Cinderela, que acabara de completar quinze anos.
Anastasia e Drizella as maléficas irmãs, ambas com cerca de trinta anos, filhas de Lady Tremaine passavam o tempo a dizer que Cinderela era feia, burra, que era uma porca e uma pêga, que cheirava mal, que os pais tinham falecido por culpa dela, que não servia para nada, que era uma inútil e uma badalhoca. E o pior, foi um dia em que lhe chamaram gorda!
Anastasia vivia em casa da mãe, com um sensual finalista de serviço social, que depois de terminado um longo namoro, estava pronto para amar e ser amado. Drizella casou com o marido, que tinha 62 anos, mas corpo de 59, curiosamente muito rico; quando percebeu que ele queria doar ao filho um palacete, recusou permitir que ele o fizesse. Antes, Drizella comprou um Ferrari, sem o pagar! Inconformado, o filho do marido de Drizella, rapaz enérgico de 15 anos, adulterou os travões sendo que por isso ela teve um acidente, em que perdeu todos os dentes, sendo que, o marido ficou cego e mudo, uma espécie de marido perfeito. Talvez por isso, ela começou a dançar nua para satisfação de outros homens.
Cinderela vivia triste, sufocada em casa; mas, na noite de Carnaval, finalmente conseguiu sair: porque a madrasta lhe tinha retirado as melhores roupas, falou com uma amiga que estuda serviço social, que lhe fez a caridade de lhe emprestar roupa, arranjar o cabelo, depilar e maquilhar, emprestar perfume e foram juntas a uma festa. E foi lá que conheceu Christian Grey, o temido presidente de uma grande empresa. Logo nessa noite, esgueiraram-se do bar e foram para uma rua escusa, onde, no umbral de um armazém, ele lhe roubou um beijo, daqueles que dura toda uma vida!
Encantado por ela, Christian Grey ofereceu-lhe um iMac, um carro descapotável discretamente vermelho e depois de uma viagem de helicóptero até casa dele, desvirginou-a!
Quid Juris

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Caso 34



Simão Botelho habitava uma rua sem história na cidade de Coimbra. Porque era orfão foi criado como filho do fidalgo de linhagem Domingos Mesquita e Menezes, vivia há um disparate de anos com D. Rita Teresa, mãe do nosso herói. Até ao dia em que Domingos morreu e a família dele expulsou da casa onde moravam D. Rita Teresa, procurando-a privar da vida faustosa que sempre viveu, abandonada na rua, quase sem dinheiro para comprar uma mala Prada, daquelas pretas que ficam bem com tudo. Quem a acollheu foi um tio surdo e careca, depois da família de Domingos ter colocado num site de internet videos de D. Rita a fazer badalhoquices com um amante.
Mas deixemos o drama da mãe e centremo-nos no filho, que quando a puberdade o despertou, começou a sentir uma pulsão amorosa pela sua vizinha, a belíssima Teresa de Albuquerque, que ainda laberguinha, já exibia atributos capazes de deixar louco um jovem imberbe rapaz na potência da idade. Durante semanas que se tornaram em meses, meses que se tornaram anos, namoraram secretamente, como naquela música da Cinderela, em que Carlos Paião conta a história de uma menina de cabelos louros e de um rapaz que tem tesouros para repartir, que trocavam olhares envergonhados, que eram namorados sem ninguem saber e quando a noite os envolvia sonhavam um com o outro.
Mas Tadeu de Albuquerque o pérfido pai de Teresa percebeu o amor da filha e com cólera negou à filha o direito a casar com o dono do seu coração, porque achava insuportável a família de Simão Botelho. Para afastar Teresa, congeminou casa-la com vários pretendentes, até que, derrotado pelas recusas da filha, decidiu fecha-la num convento, onde foi colega de Marianna Alcoforado com quem aprendeu a dizer, promete-me que vais ter saudades minhas, numa das cartas que enviou a Simão. Teresa tinha 15 anos e foi fechada num convento contra a sua vontade. Mas Teresa não era rapariga para cativeiro, pelo logo fugiu do convento; sei pai, colhido de raiva, fechou-a em casa, presa, sem poder nem sequer ir à escola. E foi em casa que um amigo do pai a desvirginou.
Nesse mesmo dia, Manuel Botelho casou, curiosamente com a sua mulher. Uma pecadora imunda, consumista, que dormia com alunas de serviço social, oferecendo-lhes presentes caros, deixando Manuel Botelho cheio de dívidas. E quando ele quis vender uma casa, que já tinha antes do casamento, para pagar aos credores, opos-se, porque usava a casa para encontros ilicitos; quando fugiu com uma doidivanas, deixou um conjunto de dívidas, mobiliário que comprou para a casa, um carro que comprou para passear e contas por pagar na ourivesaria, de presentes comprados para as suas amantes.

Simão, que também tinha quinze anos. tentou resgatar a sua amada, invadindo a casa com uma pistola, tendo baleado Baltazar, primo de Teresa. Detido pela polícia, também ele consegui fugir e esconder-se na casa de um ferreiro, conhecido de seu pai, onde conhece Mariana, que se apaixona por ele, construindo um triangulo amoroso.
Com medo que possa ser preso, Simão foge do país, e carrega consigo a tristeza imensa de assistir à morte de Teresa, tuberculosa. E também ele morre depois. De tristeza, estou certo. Mariana, quando atiram o corpo dele ao mar, joga-se para morrer também, mas é salva por um pescador. Recomposta, decide ser mãe de um filho de Simão, pelo que pretende ser inseminada.

Quid Juris

Caso 33



Mr. Dashwood no leito da morte, chamou o filho John, único filho varão do seu abastado casamento, para lhe fazer um único pedido: implorou-lhe que ajudasse financeiramente a mulher quem partilhava a sua vida e as três filhas, Elinor, Marianne e Margaret.
Quando John, instantes depois da morte do seu pai, partilha com a esposa o pedido final de seu pai, Fanny, que é gaja, faz o que algumas gajas fazem e persuade o marido a ser avarento com as irmãs, privando-as da vida faustosa que estavam habituados, pelo que, a mãe e as três irmãs, são forçadas a mudarem-se para um anexo da casa senhorial de Sir John Middleton, que por caridade a cede gratuitamente, onde reaprendem a viver, com os muito parcos rendimentos que tinham.
Fanny, apaixonada pela fortuna do marido, comprou um carro para ela, outro para ele e outro para o amante, não pagando qualquer das dívidas e, como se não fosse pouco, ainda impediu o marido de vender uma casa que tinha herdado, com vista para o mar, que ele abominava. E como se fosse pouco, Fanny ainda se tornou viciada em cocaína.
É nesta casa que Elionor conhece Edward Ferrars, com quem tem um caso tórrido, com pormenores que não me atrevo a reproduzir, para não roborizar o meu cândido estudante – apenas posso confidenciar, que a dados momentos, ele batia-lhe e ela gostava e implorava por mais- ; sucede, que Edward Ferrars tinha um compromisso sério com Lucy, de quem desde a juventude era secretamente noivo, algo que Elionor apenas descobria quando estava profundamente enamorada.
Marrianne, na sua beleza cruel dos 16 anos, rapidamente arranjou um pretendente, o Coronel Brandson, com mais do dobro da sua idade, mas que se perdeu de amores, mimando Marrianne com sucessivos presentes; mas o coração não é racional nem tem bom senso e Marrianne apaixonou-se por John Willoughby, perigosamente belo, que enganando-a com uma promessa de casamento, desvirginou-a, num esbelto campo, no exacto local onde se viram pela primeira vez, no fatídico dia de chuva em que ela caiu e magoou o pé!
Margaret tinha 15 anos e com a morte do pai, os problemas financeiros da mãe, as paixões assoberbadas das irmãs, habitou-se a crescer sozinha, correndo desacompanhada os perigos e riscos que entendeu; viciada em internet, faltava dias consecutivos à escola para ficar agarrada ao Ipad, em sites recomendados pela Maria, fumando cigarros e outras coisas, não perdendo uma festa, onde reiteradamente bebia demasiado. E foi assim que numa noite fez amor com Sir John Middleton, sexagenário, que lhe ofereceu 10.000 por aquele privilégio. O que Sir John Middleton desconhecia é que Margaret filmou toda a badalhoquice, de forma a chantagear o velho aristocrata! E fê-lo sem sensibilidade nem bom senso…
Quid Juris